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14 outubro 2018

Trilogia do Oráculo - Catherine Fisher

Mirany é conhecida entre as sacerdotisas como a "Medrosa Mirany de Mylos" por ser tímida, nervosa e não muito eficiente no seu trabalho com As Nove, um grupo de meninas escolhidas à dedo para cuidar dos assuntos do Deus. No entanto, quando a Portadora morre,  quem acaba ocupando seu lugar é ela. Assim, assume o posto ao lado da Porta-Voz, líder das Nove, Hermia - capaz de se comunicar diretamente com o Deus.

Mirany - Fanart por Fujicama no devianart


Isso acaba gerando ciúmes, sobretudo em Rhetia, uma menina ambiciosa e firme que consegue tudo o que quer. Por que alguém como Mirany foi promovida a um dos maiores cargos sendo tão pouco experiente? A própria escolhida desconfia dessas decisões, principalmente por causa de um segredo que vem rondando sua mente nos últimos dias: ela não acreditava mais no Deus. Quando o Arconte, a reencarnação do Deus na Terra, é sacrificado numa tentativa de acabar com a seca no deserto, Mirany descobre respostas em um pequeno bilhete.





Fanart linda da Rhetia por RiseofDarkFire


Corrupção. Hermia e o General Argelin vêm tramando artifícios para controlar o povo através do Oráculo. É preciso encontrar a nova reencarnação do Deus, um menino de dez anos, e Argelin pretende colocar seu sobrinho no lugar e controlar as Duas Terras por meio da religião.

 Ao longo da trama, Mirany precisa enfrentar seus medos e fazer alguma coisa a respeito. Ela acaba conseguindo a ajuda de Seth, um escriba que pensa somente em ganhar dinheiro e ajudar sua família, e Oblek, o antigo músico do Arconte e que está prestes a ser morto no seu ritual funerário. Eles vão em busca do verdadeiro Arconte para tentar evitar as mentirar que a Porta-Voz e o General estão construindo e tentam acabar com esse ninho de mentiras.


Fanart da Rainha da Chuva, Mirany e Seth por Fujicama

Recomendado principalmente para crianças que ainda estão se aventurando em livros como Percy Jackson. É uma aventura genial dividida em nove partes (número onipresente nos três livros): no Oráculo, as nove casas de um ritual fúnebre; no Arconte, as nove oferendas; e no Escaravelho, as nove portas do Submundo. Para um público mais maduro, talvez a história não traga nada muito surpreendente, mas posso garantir que foi uma ótima experiência conhecer o livro e quanto mais eu lia, mais me importava com os personagens.




Influências

Fanart por Flute-Maniac no Deviant art. Personagens!
Da esquerda pra direita: Hermia, Chryse, Rhetia, Mirany, Alexos (o pequeno), Seth, Oblek, Argelin, Raposa, Chacal e Kreon. 

Conhecemos cada vez mais personagens à medida que a história avança, desde um albino que vive debaixo da terra, nas sombras da superfície, até ladrões de tumba como na época do Antigo Egito. A história não traz somente elementos da mitologia egípcia, como As Crônicas dos Kane, do Rick Riordan, por exemplo; é um mistura de elementos das civilizações Asteca e Grega, como a própria autora explica.

Catherine Fisher, a autora dos livros, começou a escrevê-lo faz bastante tempo: na época da Guerra do Golfo, como ela mesma conta em seu site oficial. A Guerra do Golfo foi um conflito entre as forças armadas iraquianas e os Estados Unidos, em meados de 1990, que estourou por causa da invasão do Iraque em territória kuwaitiano. Diversas imagens de desertos apareceram na televisão e, segundo Catherine, isso inspirou o fato da história se passar no deserto. Os livros foram publicados no Brasil apenas em 2012!


Imagens da Guerra do Golfo

Catherine tem uma escrita sem enrolações, sem muitos detalhes na mente dos personagens, preocupando-se mais com a narração dos fatos. Fisher não trata o leitor como bobo: em nenhum momento da história ela para pra explicar como algo funciona naquele mundo, deixando coisas subentendidas. Isso me prejudicou um tanto, de certa forma, já que a paisagem foi um tanto desafiante para imaginar. 

Quando li a biografia da autora em seu site, reconheci imediatamente como suas experiências podem ter influência história. Ela foi arqueóloga por um tempo e é poeta - tendo inclusive alguns livros publicados. Além de ter sido inspirado em antigas civilizações, cada parte do livro possui uma introdução poética do deus, como se ele estivesse narrando a história.


Curiosidades - contém spoilers.

No site da autora, há uma página exclusiva para perguntas e respostas dos leitores. Encontrei algumas curiosidades bem interessantes sobre a trilogia nessa busca.

  • Os personagens favoritos da autora são o Chacal ("Eu gosto da sua personalidade lacônica e ardil, e sua tumba aristocrática; ladrão foi uma ideia realmente interessante") e Oblek ("porque ele é divertido").


  • A mãe de Mirany não é mencionada nos livros. De acordo com a autora, ela foi levada às Nove quando era muito nova, por isso não tem muitas memórias da Mylos. 


  • Quando um leitor perguntou por que não tem desenvolvimento do romance na história,  a autora respondeu que esse não é o foco do livro e ela não gosta de fazer desfechos com "E viveram felizes para sempre...", preferindo deixar muitas coisas abertas à imaginação do leitor.


  • Ao ser perguntada sobre como o Porto da história se parecia, Catherine deu uma boa ideia de como ela imagina os cenários da história. "O  Porto não é baseado em um lugar, mas um pouco de uma mistura de lugares. Principais cidades gregas que vão ao mar, talvez um pouco de Capri, um pouco da Costa de Amalfi na Itália, e um monte de coisas vistas na TV ou em fotografias. Obviamente, o deserto e a Cidade dos Mortos são muito mais egípcias".



Costa do Amalgi, Itália
Capri, Grécia

  • Alguns nomes são bem difíceis de pronunciar. Chyse, por exemplo, ser algo como Krisee; Argelin, Ar-gel-in; e Rhetia, Rhet-ee-ah, todos com ênfase na primeira sílaba. Obviamente, a autora exemplificou esses nomes de acordo com a pronúncia em inglês, por isso o ideal é colocá-los no google tradutor

  • "Minha parte favorita do Oráculo é quando Argelin começa a perder a razão por causa do assassinato acidental de Hermia, sua amante. Na verdade isso é no terceiro livro, O Escaravelho, mas ele foi um personagem fascinante de escrever, tão controlado e então gradualmente se desfazendo.  Sobre a Mirany, foi ótimo escrever sobre ela. Eu gosto da parte em que ela é enterrada viva na tumba e precisa encarar a ideia da própria morte.", disse a autora.





Edição
Catherine escreveu diversos outros livros, apenas alguns publicados no Brasil pela editora Novo Século, como sua série mais conhecida, Incarceron e Sapphique, uma duologia, e o livro A Coroa de Landes - e a trilogia do Oráculo. Além disso, a editora Bertrand Brasil publicou também dois livros da sua coleção O Mestre das Relíquias (A Cidade Sombria e A Herdeira Perdida) e o livro Círculo Negro. Da editora Intrínseca foi publicado o livro O Espelho do Tempo, que faz parte de uma duologia. 

 O primeiro livro do Oráculo foi particularmente difícil de encontrar em livrarias e lojas, sendo que o primeiro  volume não se encontra sequer listado no site da editora.  E a edição também deixa muito a desejar.

As traduções estão comprometidas. Em uma parte do livro encontrei o nome de um dos personagens, o Raposa, como "The Fox", e pelo menos um erro de escrita. Ao invés de "Na verdade" foi escrito "Na verde". O livro utiliza uma linguagem mais informal e, pelo o que li, acaba se enquadrando bem mais em infanto-juvenil do que em jovem-adulto (YA); acredito que teria atingido um grupo maior se fosse usado uma linguagem mais formal, inclusive se enquadrando mais na época dos personagens. Expressões como "cara,..." são bastante usadas

Nenhuma das capas combinam. A primeira possui um estilo completamente diferente das outras e, quando alinhadas na estante, a escrita da primeira fica de cabeça pra baixo. Por que o livro dois possui o número na lombada e o um e o três não? Seria muito melhor adaptar as capas dos Estados Unidos ou do Reino Unido, que são muito mais bonitas, ou ao menos deixar as capas padronizadas. 

                 

Estados Unidos (Talvez nem tanto)




             
Reino Unido



Uma espécie de entrevista com a autora

Galera que leu o livro, esse cantinho é pra vocês. Eu consegui entrar em contato com a autora do livro através de um espaço que ela disponibiliza no site dela. Por incrível que pareça, ela e bem acessível! Quem quiser acessar, pode ir aqui.


     1) Apenas quatro das nove ganham especial atenção... Mas você chegou a pensar nas histórias das coadjuvantes?

R:  Eu realmente não pensei muito sobre o resto das nove. Principalmente porque toda atenção precisava estar em em Mirany, então em menor grau em Rhetia e Chryse.


       2) Como funciona a hierarquia das Nove? Foi baseada nas nove musas gregas?
R: A ideia das Nove foi baseada numa história de Welsh sobre nove sacerdotisas que guardam um caldeirão mágico, mas talvez as nove musas estivessem em minha mente também. É difícil dizer onde as ideias realmente começam.

    3) Muitos autores cortam parte do que escrevem para serem publicados. Houve alguma parte importante ou que você havia colocado e resolveu retirar?


R: Nenhuma grande parte do livro foi deletada. Eu tendo a partir do começo e trabalhar até o fim; então, volto e começo a adicionar em seções. Normalmente, deleto somente partes pequenas - palavras, repetições, inconsistências.


    4) Uma presença constante nos livros são gatos... Qual seu bicho de estimação favorito? Haha 

  R: Gatos são os meu animais de estimação favoritos. Tenho dois.



   5) Eu tive alguns problemas com a Chrysse... Fui ingênua a respeito de suas mudanças por muitas vezes! Afinal, ela mudou mesmo ou fica somente do lado daqueles que vencem?
         
       R: Chryse não está do lado de ninguém exceto o seu próprio. Ela se torna uma pessoa razoável, mas eu não confiaria nela de todo. Mirany não confia.

     6) Oblek é um músico. Mas é realmente difícil imaginar os sons das notas musicais quando se está lendo o livro... Você pensou em algum músico quando escreveu sobre ele?

   R: Concordo que a música é difícil de imaginar. Oblek é um homem grande e pesado, mas imagino sua música como boa e delicada.



       7) Gostaria de adicionar algum comentário? 
 R: Meu único comentário é que a trilogia do Oráculo foi tão divertida de escrever! Senti que tinha muita liberdade para misturar mitologia egípcia e grega,  e adicionar todos os tipos de diferentes culturas. Além disso, colocar tudo isso num deserto quente perto do mar. Escrever isso foi como estar de férias...
Espero que essas respostas sejam úteis. Estou encantada por estar em um blog no Brasil!


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